quinta-feira, 27 de setembro de 2012

POEMA E POESIA

 

Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em versos e estrofes. Como gênero textual, o poema não se constrói apenas com ideias e sentimentos, mas também por meio do emprego do verso e de seus recursos musicais – a sonoridade e o ritmo das palavras – e de palavras com sentido figurado, conotativo. Apesar das poesias serem construídas com versos e estrofes, também é possível a existência da prosa poética, assim designada por ser uma prosa que se utiliza de temas específicos e de figuras de estilo próprias da poesia.

Entre poesia e poema podemos evidenciar a seguinte diferença: o poema é um objeto literário com existência material concreta e a poesia tem um carácter imaterial e transcendente.

O poema é uma obra em verso em que há poesia.

A poesia é tudo aquilo que toca a sensibilidade, que sugere emoções por meio de uma linguagem, é tudo aquilo que emociona.

Fortemente relacionado com a música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separado do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem uma grande importância no poema.

A musicalidade que caracteriza os textos poéticos é o resultado da utilização de recursos presentes na poesia de todos os tempos, tais como a métrica, o ritmo, a rima, a aliteração e a assonância.

VERSO E ESTROFE

Verso é uma sucessão de sílabas ou fonemas que formam uma unidade rítmica e melódica, correspondente em geral a uma linha do poema.

Estrofe é um agrupamento de versos.

O número de versos agrupados em cada estrofe pode variar. Uma estrofe de um verso chama-se “monóstico”, de dois versos chama-se “dístico”; de três versos chama-se “terceto”; de quatro versos chama-se “quadra” ou “quarteto”; de cinco versos chama-se “quintilha”; de seis versos chama-se “sexteto” ou “sextilha”; uma estrofe de sete versos chama-se “sétima” ou “septilha”; de oito versos chama-se “oitava”; de nove versos chama-se “nona”, de dez versos chama-se “décima”. A partir de dez versos, denominamos a estrofe de “irregular”

MÉTRICA

É a medida dos versos, isto é, o número de sílabas poéticas apresentadas pelos versos.

De acordo com o número de sílabas poéticas, os versos recebem o nome de monossílabo (uma sílaba), dissílabo (duas sílabas), trissílabo (três sílabas), tetrassílabo (quatro sílabas), redondilha menor ou pentassílabo (cinco sílabas), hexassílabos (seis sílabas), redondilha maior ou heptassílabo (sete sílabas), octossílabo (oito sílabas), eneassílabo ou jâmbico (nove sílabas), decassílabo (dez sílabas), hendecassílabo ou datílico (onze sílabas), dodecassílabo ou alexandrino (doze sílabas), e bárbaros (mais de 12 sílabas).

Exemplo:

Ó / do / ce / ru / mor / da / chu / va

Pe / la / te r / ra e / so / bre os / te / tos!

O heptassílabo (sete sílabas) e o decassílabo (dez sílabas) são os versos mais comuns em português. Já os versos de duas, três e treze sílabas são os mais raros.

O decassílabo é um dos tipos de versos mais antigos na poesia portuguesa, e já eram cultivados na época dos trovadores galego-portugueses.

Em “Os Lusíadas”, Luís de Camões usou versos decassílabos com acentuação na sexta e décima sílaba, ou versos decassílabos heróicos. (sáficos – 4ª, 8ª e 10ª)

Exemplo:

“As armas e os barões assinalados

Que, da ocidental praia lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana

E entre gente remota edificaram

Novo reino, que tanto sublimaram.”

RITMO

Ao ouvirmos uma melodia qualquer, percebemos que ela foi composta em determinado ritmo. Um poema também tem seu ritmo, que lhe é dado pela alternância de sílabas acentuadas e não acentuadas, isto é, sílabas que apresentam maior ou menor intensidade quando pronunciadas.

Exemplo: (acentuação na 6ª e 10ª sílaba de cada verso)

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida descontente

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.

(Camões)

RIMA

É um recurso musical baseado na semelhança sonora de palavras no final de versos (rima externa) e, às vezes, no interior de versos (rima interna).

Exemplo:

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado.

POSIÇÃO DA RIMA NA ESTROFE

Emparelhadas ou paralelas = (A...A...B...B)

Cruzadas ou alternadas = (A...B...A...B)

Opostas = (A...B...B...A)

Continuadas (A...A...A...A...A)

Misturadas = (não seguem uma esquematização regular)

TIPOS DE RIMAS

Ricas = palavras de classes gramaticais diferentes

Pobres = palavras da mesma classe gramatical

Preciosa = palavras quase sem rima

RIMAS QUANTO À FONÉTICA

Perfeita ou soante = quando há analogia fonética

Imperfeita ou toante = quando não há analogia fonética

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