1. Observe os fragmentos de textos abaixo e classifique-os.
a) Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as limpas e sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos.”
(Machado de Assis – Dom Casmurro)
b) NEGRO FUGIDO
(Oswald de Andrade)
O Jerônimo estava numa outra fazenda
Socando pilão na cozinha
Entraram
Grudaram nele
O pilão tombou
Ele tropeçou e caiu
Montaram nele.
c) ROSA DE HIROSHIMA
(Vinicius de Moraes)
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada
d) O SORRISO DOS OLHOS DE THALITA
(Filemon Félix de Moraes)
Dizer que Thalita sorria
É pouco
Com seus olhinhos miúdos,
Com seu rostinho singelo,
Com seu jeitinho maroto,
Thalita não só sorria:
Ela iluminava o dia!
e) MAR PORTUGUÊS
(Fernando Pessoa)
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
f) NO CORPO
(Ferreira Gullar)
De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares
O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.
A poesia é o presente.
2. Escolha um entre os tipos de redação vistos na aula e elabore um texto seu utilizando estas características.
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