Leia o texto abaixo para responder as questões 01 a 04.
Terror
O pai volta para a cama.
- Que imaginação tem este guri...
- O que foi desta vez? – perguntou a mulher, sonolenta.
- Ele queria ir ao banheiro fazer xixi, mas tinha medo do polvo.
- Polvo?
- Ele diz que tem um polvo embaixo da cama. Assim que ele bota o pé no chão, o polvo pega a perna dele com um tentáculo. Ele me descreveu como é o tentáculo. Frio, pegajoso, gosmento...
- Esse menino...
Fiz ele olhar embaixo da cama para ele ver que não tinha polvo nenhum. Mesmo assim, quando voltou do banheiro ele deu um pulo no meio do quarto para cima da cama, senão o polvo pegava o pé dele. Mas acho que esta noite ele não vai incomodar mais.
- Você bateu nele? Olha o que disse a psicóloga...
- Não bati. Só disse que se ele não ficasse quieto, o Bicho Papão vinha pegar.
- O quê?! Um menino com a imaginação dele e você ainda fala em Bicho Papão! A psicóloga disse claramente...
- Pois eu fui criado ouvindo histórias de Bicho Papão. Me ameaçavam com o homem do saco se eu não comesse tudo, com o boi da cara preta se eu não dormisse cedo... E aqui estou eu, um homem normal, sem traumas. Aliás, no meu tempo nem existia a palavra trauma.
Do quarto do guri vem uma voz chorosa.
- Mãe...
- Não responde que ele desiste.
- Mãe-e...
- A psicóloga disse que era para atender sempre que ele chamasse.
- Então vai você. Ele está chamando “mãe”.
- Vai você.
- Desta cama eu não desço.
- Está com medo do polvo?
- Não seja boba. Eu...
O guri entra correndo no quarto. Está apavorado.
- O BICHO PAPÃO QUER ME PEGAR!
- Volte já para a sua cama! Diz a mãe. Mas o guri já mergulhou entre os dois. Só bota a cabeça para fora das cobertas para descrever o monstro...
- Ele é enorme. Cabeludo. Tem dois olhos grandes e um buraco vermelho e molhado no meio da cara. Arrasta os pés no chão.
- Viu o que você fez? – diz a mulher para o marido.
Mas o marido não a ouve. Está com a atenção voltada para o corredor. E os seus olhos se arregalam. A mulher também para de falar quando escuta o que o marido está escutando. O ruído de pés se arrastando no chão. Pés cabeludos.
- Fecha a porta depressa! Grita a mulher.
- Ele quer me pegar! – grita o filho.
O Bicho Papão aparece na porta. Tem o tamanho de um gorila. Os olhos grandes e injetados. Em vez de boca, um buraco carnudo no meio da cara com duas fileiras de dentes afiados em cima e duas embaixo. Aproxima-se lentamente da cama, arrastando os pés. A mãe desmaia. O pai ergue-se na cama e achata-se contra a parede. Não consegue gritar.
O Bicho Papão arranca a criança debaixo das cobertas e engole, com pijama e tudo Depois sai, pesadamente pela porta.
Meia hora depois a mãe recobra os sentidos. O marido está sentado na beira da cama, com os pés recolhidos sob o corpo. Sacode a cabeça e não para de repetir: “Eu avisei... Eu avisei...”.
A mãe só tem uma preocupação:
- O que é que eu vou dizer para a psicóloga?
Luís Fernando Veríssimo
Ed Mort e outras histórias, Porto Alegre: L&PM, 1995.
1. Marque a opção que apresenta a classe das palavras sublinhadas no período “- Ele diz que tem um polvo embaixo da cama. Assim que ele bota o pé no chão, o polvo pega a perna dele com um tentáculo. Ele me descreveu como é o tentáculo. Frio, pegajoso, gosmento...”
a) Substantivo, pronome e adjetivo, adjetivo e substantivo.
b) Artigo, pronome, verbo, substantivo e adjetivo.
c) Substantivo, substantivo, adjetivo, adjetivo e advérbio.
d) Artigo, artigo, pronome, pronome, verbo.
2. Identifique o sujeito da oração sublinhada no fragmento “Fiz ele olhar embaixo da cama para ele ver que não tinha polvo nenhum. Mesmo assim, quando voltou do banheiro ele deu um pulo no meio do quarto para cima da cama, senão o polvo pegava o pé dele. Mas acho que esta noite ele não vai incomodar mais.” e classifique-o conforme as opções abaixo:
a) Sujeito simples
b) Sujeito oculto
c) Sujeito inexistente
d) Sujeito indeterminado
3. Identifique o predicado da oração “Aliás, no meu tempo nem existia a palavra trauma.” e classifique-o conforme as opções abaixo:
a) Predicado verbal
b) Predicado nominal
c) Predicado verbo-nominal
d) N.D.A.
4. Identifique o objeto direto da oração “Meia hora depois a mãe recobra os sentidos.”.
a) Meia hora depois
b) A mãe
c) Recobra
d) Os sentidos
Leia o texto abaixo para responder as questões 05 a 10
A vida é difícil para todos. Saber disso nos ajuda porque nos poupa da autopiedade. Ter pena de si mesmo é uma viagem que não leva a lugar nenhum. A autopiedade, para ser justificada, nos toma um tempo enorme na construção de argumentos e motivos para nos entristecermos com uma coisa absolutamente natural: nossas dificuldades.
Não vale a pena perder tempo se queixando dos obstáculos que têm de ser superados para sobreviver e crescer. É melhor ter pena dos outros e tentar ajudar os que estão perto de você e precisam de uma mão amiga, de um sorriso de encorajamento, de um abraço de conforto. Use sempre suas melhores qualidades para resolver problemas, que são: capacidade de amar, de tolerar e de rir.
Muitas pessoas vivem a se queixar de suas condições desfavoráveis culpando as circunstâncias por suas dificuldades ou fracassos. As pessoas que se dão bem no mundo são aquelas que saem em busca de condições favoráveis e se não as encontram se esforçam por cria-las. Enquanto você acreditar que a vida é um jogo de sorte vai perder sempre. A questão não é receber boas cartas, mas usar bem as que lhe foram dadas.
5. Segundo o texto, evitamos a autopiedade quando:
a) Aprendemos a nos comportar em sociedade.
b) Dispomo-nos a ajudar os outros.
c) Passamos a ignorar o sofrimento
d) Percebemos que não somos os únicos a sofrer.
6. Para o autor, o mais importante para a pessoa é:
a) Esforçar-se para vencer as dificuldades
b) Perceber o que ocorre à sua volta.
c) Buscar conforto numa filosofia ou religião.
d) Ter pena das pessoas que sofrem.
7. A autopiedade, segundo o autor:
a) É uma doença.
b) Não conduz a nada.
c) Destrói a pessoa.
d) É um problema psicológico.
8. A vida é comparada a um jogo em que a pessoa:
a) Precisa de sorte
b) Deve saber jogar
c) Fica desorientada
d) Geralmente perde
9. A superação das dificuldades da vida leva:
a) À paz
b) À felicidade
c) Ao equilíbrio
d) Ao crescimento
10. Os sentimentos que levam à superação das dificuldades são:
a) Fé, tolerância, abnegação.
b) Amor, desapego, tolerância.
c) Caridade, sensibilidade, otimismo.
d) Amor, tolerância, alegria.
Leia o texto abaixo para responder a questão 11
R E Q U E R I M E N T O
"Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma -- usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o Tupi-Guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro. O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e consequência a sua emancipação idiomática. Demais, Senhores Congressistas, o Tupi-Guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica para que tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de uma língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso aparelho vocal -- controvérsias que tanto empecem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica. Seguro de que a sabedoria dos legisladores saberá encontrar meios para realizar semelhante medida e cônscio de que a Câmara e o Senado pesarão o seu alcance e utilidade P. e E. Deferimento".
11. No fragmento “O suplicante, deixando de parte os argumentos historicos que militam em favor de sua ideia, pede venia para lembrar que a lingua e a mais alta manifestação da inteligencia de um povo,( ... )” os acentos foram suprimidos. Marque a alternativa que apresenta a acentuação correta:
a) “O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, ( ... )”
b) “O suplicânte, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua idéia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um pôvo, ( ... )”
c) “O suplicânte, deixando de parte os argumentos históricos que milíitam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, ( ... )”
d) “O suplicânte, deixândo de parte os argumentos historicos que militam em favor de sua ideia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, ( ... )”
12. Marque a alternativa que apresenta as palavras compostas grafadas corretamente:
a) Couve flor, formiga-branca, panhelenismo
b) Couveflor, formigabranca, panhelenismo
c) Couve-flor, formiga-branca, panhelenismo.
d) Couve-flor, formiga-branca, pan-helenismo.
13. Marque a alternativa CORRETA:
a) Não se usa o hífen para ligar duas ou mais palavras que formam encadeamentos vocabulares.
Exemplo: trecho São Paulo Santos
b) Usa-se o hífen nos compostos que apresentam elementos de ligação.
Exemplo: dia-a-dia
c) Não se usa o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani.
d) Exemplo: Ceará mirim
e) Não se usa o hífen nos compostos formados por prefixo terminado em vogal em combinação com palavra iniciada por “r” ou “s”, que, nesses casos, são dobrados.
Exemplo: ultrassonografia
Leia o texto abaixo para responder a questão 14.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
14. Marque a opção que classifica corretamente as orações sublinhadas.
a) Oração principal, oração principal, oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
b) Oração coordenada assindética, oração coordenada assindética, oração coordenada assindética e oração principal.
c) Oração coordenada assindética, oração coordenada assindética, oração coordenada assindética e oração coordenada sindética aditiva.
d) Oração coordenada assindética, oração coordenada assindética, oração coordenada assindética e oração subordinada temporal.
15. Analisando o período composto “Ela tem um olhar que fascina”, chegamos à conclusão que podemos trocar a oração “que fascina” pelo termo “fascinante”. Com base neste raciocínio, podemos afirmar:
a) Que a oração “Ela tem um olhar” é a oração principal e que a oração “que fascina” é a oração subordinada adjetiva, pois pode ser trocada pelo adjetivo “fascinante”.
b) Que a oração “Ela tem um olhar” é uma oração coordenada assindética e que a oração “que fascina” é uma oração coordenada sindética explicativa.
c) Que ambas as orações são coordenadas assindéticas.
d) Que ambas as orações são orações principais.
16. Marque a opção que apresenta apenas orações coordenadas assindéticas.
a) Vim, vi e venci.
b) O homem, que é mortal, tem problemas na vida.
c) Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu.
d) Jonas dá o sinal de partida, as lanchas se movimentam lentamente e os saveiros acompanham.
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